terça-feira, 4 de outubro de 2011

Indigno populacho

Que o mundo caminha para um cataclismo ideológico quando se fala em "adesão cultural", já se sabe há um tempo. E se sabe também que é de suma importância os poucos "movimentos" regidos, em sua grande maioria, por entidades sem fins lucrativos, mas que, encabeçadas por uns poucos indivíduos de visão alargada, promovem/materializam a tão escassa e sonhada apropriação dos valores pertinentes a cada individuo, dentro de sua coletividade especifica. Papo de historiador?!?!?! Que nada. A coisa é bem popular, melhor dizendo, seria mais apropriado utilizar aqui o(s) termo(s) como local/regional, já que a idéia "moderna" e vulgarizada pelo do "popular" nos remete a ações de cunhos culturalmente desajustados/alienados. Pois quê, se a terminologia se desgasta, quando pronunciada em meio a uma série de distúrbios gestados pela insuficiência em gerir escolhas e pela tão proclamada liberdade (na verdade, sobra de um sistema de proporções dantescas e que obriga/vicia certas posturas) que a tudo censura e torna proibitivo, indigna-nos os moldes rotos sob os quais se querem enfiar goela adentro "a boa música” (apenas a citar um aspecto do todo...). Falo pois que, estes dias tivemos o prazer (...e para uns poucos isto se constituiu em evento agradável de fato) de receber em nossa estimada cidade, Pombal, a cantora de MPB (outro termo irrisório, que remete novamente a vulgarização do populesco) Leila Pinheiro. De trabalho belíssimo, a moça, que foi do convívio íntimo de Renato Russo, tem o novo CD composto por canções da Legião Urbana, reinterpretadas de modo bastante particular, não foi suficientemente "hábil" para agradar o público pombalense, em sua apresentação em praça pública na noite do sábado passado (01/09/11), o que se apercebia entre a juventude aglomerada no Largo do Centenário, eram os comentários irritados sobre a má qualidade do show, bem como da artista ali presente. Acho engraçado como não houve reação alguma contra o show do Aviões do Forró, dia anterior na AABB, ao contrário, foi pela PRIMEIRA VEZ que se organizou uma passeata dos estudantes universitários, reunidos em torno da mesma praça que dia seguinte sediaria o show de Leila, a protestar contra o preço dos ingressos do Aviões do Forró. Os estudantes pediam pelo pleno direito de comprar a senha pela metade do preço. A senha não baixou!!! Mesmo assim, todos estavam lá, lotando a AABB para ver o Aviões de Merda tocar. No show da Leila (acústico de voz e piano belíssimo), críticas e cara-feia, mas pra ouvir aquele forrozinho vagabundo e plastificado, todo mundo pagou caro e achou muito bom. Admira-me a atitude dos nossos estudantes universitários, que não vão à prefeitura ou as ruas reclamar quando os ônibus quebram e perdemos semanas de aula, ou, quando nos apertamos nos esdrúxulos revezamentos de transportes que excedem em muito sua capacidade de passageiros, colocando nossas vidas e/ou integridades físicas em risco, pra conseguir chegar as universidades. Talvez não valha mais aqui minha indignação ultrapassada, minha postura antiquada, em desuso, mas não consigo calar perante certas imundícies sociais, certas ações encabrestadas pela ignorância e burrice de uma  juventude/povo rota e imprestável, se não, ao próprio ofício de se guiar pela massificação midiática e modista.

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